Um pa?s para morrer ? formado sobretudo por di?logos, o que pressup?e uma s?rie de encontros. S? conversa quem se disp?e a estar diante do outro. Uma mulher se prostitui para solda - dos franceses durante a ocupa??o na Indochina enquanto tenta convencer um deles a acompanh?-la ? ?ndia. A personagem principal do livro encontra um jovem iraniano desfalecendo no metr? de Paris e o acolhe, para depois ouvir (e ler) sua hist?ria de persegui??o e fuga. Os encontros aqui n?o s?o apenas entre pessoas. Como di?logos pressup?em movimento, j? que s?o um vai e vem, as personagens est?o o tempo inteiro se deslocando. O encontro que elas t?m com sociedades estrangeiras, por exemplo, nunca ? pac?fico. A percep??o de Abdellah Ta?a ? clara: pa?ses que exploram outros fazem o mesmo com os corpos estrangeiros. Enquanto consolida o pro - cesso de transi??o para o sexo feminino, Aziz radiografa a sociedade francesa: ?(?) no fim das contas, o que temos aqui, em Paris, no cora??o da Fran?a? Uma burguesia tacanha, orgulhos?ssima de sua cultura e sempre muito satisfeita consigo mesma. Pequenas tribos, aqui e acol?, que me lembram algumas que conheci na Arg?lia. Dos dois lados, a mesma coisa. Eles pensam que vivem na liberdade verdadeira, mas tudo que fazem ? se submeter ao mais forte, ao mais esperto. Voc? quer nomes dessas tribos superfrancesas? Louis Vuitton. Herm?s. Dior. Chanel. O Louvre. ?cole Normale Sup?rieure, onde os idiotas do Jean-Jacques e do Pierre ensinam.? Apesar de toda a viol?ncia, dos corpos que sofrem e dos deslocamentos quase sempre obriga - t?rios, o romance ? cheio de lirismo, passagens on?ricas e sobretudo personagens dotadas de grande sensibilidade. Como est?o todas ? margem, um ?ltimo movimento se imp?e. ? preciso virar os olhos e observar os verdadeiros agentes da viol?ncia: os donos de qualquer poder.