Quiçá e Oxalá, de Tati Filinto e Flávia Bomfim. Quiçá é advérbio. Oxalá é interjeição, mas também pode ser um substantivo próprio. Se aparentam mirando o futuro, essas duas palavras. Com dúvida, mas nascidas de uma vontade, também com esperança e otimismo. Aquela que as fala, projeta um sonho, aquele que escuta, se acalenta, sonha junto, mesmo se equilibrando no fio do talvez. Na incerteza que é a vida. São palavras felizes, mas não ingênuas, porque consideram que o desejado pode não acontecer. Quiçá? Oxalá! Combinam com o ponto de interrogação e de exclamação. Abrem reticências... E o que são esses dois livros que nasceram juntinhos (mas que podem ser lidos separados)? Fica difícil definir. São provocadores, interpelam os leitores, são coisa que ninguém nunca viu. Deixam uma pulga atrás de cada orelha. Do que eles falam? Eu entendi? É pra entender? Ou é pra viver? As narrativas convidam a imaginar: o que tem ali? O que é pra ver e sentir? Como é próprio da experiência, propõem uma travessia, sem respostas prévias. São livros que confiam muito no leitor, chamam para a ação, deixam um espaço enorme para ele preencher. Em consonância com o texto, as ilustrações, manchas coloridas como personagens, com pernas e muito movimento, podem ser qualquer um, eu ou você. Este ou aquela. Qualquer dupla, em que um faz um convite à expansão do outro. Talvez sejam isso, então, esses livros: propostas de encontro e de expansão, pontuados por reticências, interrogações e exclamações! Oxalá te encontrem. Quiçá você se encontre neles, também.